Dois velhinhos de bigodes e ocúlos, maltratados pelo tempo, eram decompostos pela atmosfera do quarto, não havia comunicação entre eles e o comodo misterioso, mas foi quando de repente pairou sobre a cabeça dos dois a presença fria e úmida do estranhamento, ficaram envoltos da estranheza páilida, os rostos de ambos já avançado em magoas, configuravam como uma das partes constituintes da raíz melancolica do quarto.
A presença se fez em sombra, que se fez em gente, gente pomposa, tirou um relógio de bolso e fitou atraves de um monoculo, e assentiu para os dois velhinhos, e saiu por uma porta que ali não tinha.
"O quarto ainda me da medo"
"A mim não, ela não me desperta mais nada"
"Talvez seja necessario deixa-lo trancado"
"Tranca-lo como o orvalho."
"Absurdo é ter que continuarmos viver desse jeito"
"Talvez seja necessário que a gente se cale um pouco"
"Como calar o que os olhos não escondem"
"Desculpe mas eu não tenho controle do quarto"
"Ele consome o que produz, e o produto o consome, eis a tragédia da vida"
"Isso é Marx não?"
"Não" - mentiu
Andaram novamente pelos corredores, cada um com sua vela, a passos pesados e lentos, voltados a sí, sem expressividade nos movimentos, tal como sombras que se alongam na paredes na uniformidade dos minutos, os dois esgueiravam-se cada vez um no outro, os corredores eram diluidos aos poucos, os passos convergiam dilatando o instante, a pequena fresta assobiava o vento com os ecos do passado, os dois velhinhos tiram suas mortalhas, desnudos se dão conta que não há divisão, e que ambos vivem alternados nesse mundo, até que o pendulo balize o insustentável mistério que regem o tempo, um vai ter que acordar e outro dormir, até que um morra.
(Nothing here - desenhado por Daichinnraoss)
"Gaspar, Crono Trigger"
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