em páginas de um livro não lido, morrendo sempre em ansiedade,
e na incerteza dos nossos valores,
pois é, num dia desses, deitado no sofá da sala observando o ritmo que eu vinha envelhecido me deparei com algo,
estava desempregado há mais de três anos, não é porque eu não gostava de trabalhar, mas pelo fato mesmo de ter me acostumado com a miséria,
meu corpo parecia se decompor na atmosfera do desemprego, embora a muito tempo eu havia ocupando minha cabeça com outras coisas.
Após um surto de lucidez de repente eu me lembrei que estava sem emprego.
Canta a canção que sempre vai ter alguém que trabalhe para você poder pensar e ir ter
com os deleites e inquietações que as abstrações sentimentais provocam,
foi assim na Atenas da antiguidade pela forma da escravidão, e será assim para sempre na história da eternidade!
É estranho pensar isso,
oras o berço da cultura ocidental parece ter se formado pela escravidão, pela negação, por privar o outro de sua natureza da sua liberdade,
embora que no mundo Ateniense a escravidão era legitimada por um forte corpo teórico, como por lei em regimes opressores são justificados.
bom posso estar falando besteira, e de fato estou, uma vez que estou me deleitando nos mundos das abstrações sentimentais, e mesmo assim estou fazendo errado,
afinal já faz algum tempo que não consigo mais ir para a faculdade, e de fato, que loucura foi essa! só fui para a faculdade por teimosia,
Não tenho nenhuma estrutura pra isso, assim como na antiguidade eu deveria ter dado a oportunidade de outra pessoa estudar por mim,
outra pessoa que tenha tido um ensino primário melhor que o meu, que tenha vindo de uma escola particular e ir para uma universidade pública,eu justamente fiz o caminho ao contrário,
não pela alegria de andar caminho errado,
mas por teimosia mesmo,
por acreditar que meus sonhos eram do tamanho de infinitos,
e assim como infinitos, os infinitos se colidem, e foi assim
que desafiei a ira divina dos Deuses,
não há crime maior em questionar os traços que o cruel destino pontua no nosso caminho, ir em direção oposta às rotas dos ventos é agir por invalidade.
O manto caótico da caminhada é sempre tecida com o amargo grito das sentinelas de mármore. E todo crime tem uma setença, a minha foi anunciada por Maiakovski:
"A minha dívida é uivar com o verso, entre a névoa burguesa, boca bronzea de sirene, o poeta é o eterno devedor do universo, e paga em dor porcentagens de pena."
"Estou preso no papel pelos pregos da palavra",
há dor pior de se ver retorcendo de dor, imbecializado, reduzido ao silêncio diante um poema que denuncia com orgulho a fragilidade humana?
E a última eu li no face book,"Uma vida investida na arte, é procrastinar em meio ao caos".
Algum dia eu termino minha faculdade, num dia de real grandeza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário